Universidade da Beira Interior atribui Doutoramento "Honoris Causa" ao Reitor da UMN, Orlando Manuel José Fernandes da Mata
A UBI – Universidade da Beira Interior, da Covilhã, em Portugal, atribuiu o título de Doutor “Honoris Causa” ao Professor Doutor Orlando Manuel José Fernandes da Mata, Reitor da Universidade Mandume ya Ndemufayo, do Lubango, Huíla, sul de Angola.
As distinção ocorreu, no passado dia 30 de abril, no âmbito das comemorações do 36º. aniversário da criação da Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, Portugal.
Coube ao sociólogo e Professor Catedrático daquela universidade, José Carlos Venâncio, um dos oradores do evento, o elogio do Magnífico Reitor da UMN, Professor Doutor, Orlando Manuel José Fenandes da Mata.
“São muitos os desafios que se colocam hoje aos académicos angolanos e às instituições onde exercem as suas atividades. Decorrem de dificuldades inerentes ao estádio de desenvolvimento do país, em muito devido ao colonialismo português, que, como os restantes colonialismos europeus em África, não foi propriamente desenvolvimentista, mas também devido a opções e estratégias políticas menos acertadas do período pós-colonial, tendo estas sido tomadas muitas vezes em clara contradição com aquele que foi o ideário nacionalista, não apenas o protagonizado pelo MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), mas também pelos dois outros movimentos de libertação, a saber: a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e a União para a Independência Total de Angola (UNITA)”, disse José Carlos Venâncio.
Mestre em agronomia pela Universidade Martinho Lutero, em Wittemberg (Martin-Luther Universität , Halle-Wittenberg) na então República Democrática da Alemanha (RDA) e doutorado pelo Instituto de Agronomia Tropical (Institut für Tropische und Subtropische Landwirtschaft) da Universidade de Leipzig (Alemanha), Orlando da Mata tem ainda especializações em administração e gestão do Ensino Superior (Higher Education Administration and Management Course), na Universidade Bloomington (Indiana/EUA) e em Ciência e Tecnologia (Educational Quality Improvements in Science and Technology, no MCDI, Consórcio para o Desenvolvimento Internacional do Mississipi (Jackson/EUA).
Entre 2008 e 2010, foi vice-ministro da Ciência e Tecnologia. Assumiu depois as funções de Reitor da Universidade Agostinho Neto, cargo que exerceu em partilha com o de vice-presidente da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP). Em 2005, é nomeado Reitor da Universidade Mandume Ya Ndemufayo, cargo que ainda exerce. De 2017 a 2020 foi Presidente da Associação das Universidades de Língua Portuguesa.
No discurso proferido na UBI, José Carlos Venâncio destacou também o papel que o Professor Doutor, Orlando Manuel José Fernandes da Mata tem desempenhado “enquanto gestor académico em prol da implementação e consolidação do ensino superior em Angola, de que depende, enquanto condição prévia, o desenvolvimento, tanto quanto possível equilibrado, dos diferentes setores da economia angolana, da agricultura (área em que tem incidido a sua atividade de investigador e de docente) à indústria e aos serviços, carentes de técnicos devidamente capacitados”.
“Este exercício é tanto mais gratificante quanto o tamanho do desafio lançado por uma juventude empenhada, ávida de saber, em busca da melhoria das suas oportunidades de vida, embrenhados numa procura cuja dimensão é difícil de ser imaginada nos países desenvolvidos, onde incluo Portugal”, enfatizou o sociólogo luso-angolano.
“Verifica-se, neste seu trajeto enquanto gestor académico, um claro empenho no relacionamento interuniversitário no seio do mundo de língua portuguesa, potenciando um universo, o da lusofonia, que, albergando no seu seio tensões, muitas delas decorrentes da relação colonial, como é o caso do racismo, não deixa de encerrar igualmente um significativo leque de potencialidades, de cuja realização (através de intercâmbios académicos e demais ações de cooperação) temos todos vindo a beneficiar”, disse.
E, a propósito da língua portuguesa, lembrou que, apesar de ser uma língua de cultura, de pensamento e de ciência, nem sempre é reconhecida como tal, “quer pelos centros internacionais de decisão, quer pelas organizações internacionais ou mesmo pelos próprios falantes…e alguns deles com responsabilidades políticas e académicas”. Isto, disse, para recordar, “no contexto desta homenagem”, o papel decisivo desempenhado pelos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), no início do período pós-colonial, “no reconhecimento da língua portuguesa como língua de trabalho na OUA (Organização de Unidade Africana), a organização antecessora da atual União Africana”.
Ao concluir o discurso de homenagem ao académico angolano, José Carlos Venâncio enfatizou ainda que o “intercâmbio académico, nos moldes que tem vindo a ser implementado, tem contribuído de forma contundente para o reconhecimento internacional da língua portuguesa como língua de trabalho e de cultura”.
Na ocasião também foi atribuído o título de Doutor Honoris Causa ao Professor Doutor Orlando António Quilambo, ex-reitor da Universidade Eduardo Mondlane de moçambique.
Texto adaptado de Portugal Digital - Cultura - 3 de Maio de 2022
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