UMN

Universidades chamadas a formar engenheiros com bases sólidas para que Angola se insira no contexto das nações inovadoras

 1- Reitor Jornadas ISPH                                                                                                                                                                                                                                              

O apelo foi feito pelo Magnífico Reitor da Universidade Mandume Ya Ndemufayo Professor Doutor Orlando Manuel José Fernandes da Mata, durante a Conferência Inaugural das Primeiras Jornadas Científico-Técnicas do Instituto Superior Politécnico da Huíla da qual foi prelector.

Foi tema de reflexão «O Papel e Impacto das Engenharias no Desenvolvimento das Nações: Uma Abordagem Histórica Contextualizada à Realidade Angolana.

Na ocasião o Professor Doutor Orlando Manuel José Fernandes da Mata apresentou de a cronologia do surgimento e evolução da engenharia, destacando o seu papel na sociedade, o contexto histórico do surgimento da engenharia civil e o impacto das inovações tecnológicas na economia etc.

RESUMO DA APRESENTAÇÃO DO MAGNÍFICO REITOR DA UMN

Tema: «O Papel e Impacto das Engenharias no Desenvolvimento das Nações: Uma Abordagem Histórica Contextualizada à Realidade Angolana»

11 de Maio de 2016

«A história da formação de engenheiros em Angola é recente».

Durante muito tempo devido a colonização por Portugal, o desenvolvimento tecnológico e naturalmente da engenharia em Angola, sofreu consideráveis atrasos tendo-se manifestado como um grande entrave no desenvolvimento do país e naturalmente da sua economia.

Com a realização da Conferência de Berlim (1884-1885), com objectivo primário de organizar por meio de regras a ocupação de África pelas potências coloniais, Portugal viu-se obrigado a desenvolver essencialmente e gradualmente a engenharia civil em Angola com a construção de cidades, aldeamentos, residências, estradas e pontes em todo território sob a sua jurisdição.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial verificou-se um grande desenvolvimento nas ciências agrárias e na mineração no nosso país. Os engenheiros na altura eram todos formados maioritariamente em Portugal, visto que em Angola não existiam instituições de ensino superior, nem universidades, nem escolas, nem institutos superiores.

Sendo a base da economia angolana a agricultura, o ensino da engenharia servia essencialmente as interesses coloniais.

A partir de 1970, Angola encontra-se num período de grande expansão industrial, tendo em conta a realidade colonial. A introdução de novos métodos e técnicas de produção na indústria, num país que a luz das potências coloniais era considerado menos evoluído, exigiu profissionais com novos perfis, incluindo o engenheiro.

O crescimento de Angola na época colonial, aliada à necessidade de Portugal poder competir com outros países, e a pressão que Portugal sentia na altura para que Angola pudesse formar os seus próprios quadros, particularmente engenheiros, fez com que em 1962 fossem criados os Estudos Gerais Universitários em Angola, praticamente o embrião do ensino superior no nosso país. Nessa altura, começaram a funcionar os cursos de medicina, agronomia, medicina veterinária e ciências pedagógicas simplesmente em Luanda, com muito poucos estudantes e com acesso limitado para angolanos.

Em 1965 na província do Huambo, foram criados os cursos de veterinária, agronomia e silvicultura.

Em 1968, os estudos Gerais de Angola transformam-se em Universidade de Luanda, hoje Universidade Agostinho Neto (UAN) designação adoptada em 1985.

Com a criação da UAN, as dificuldades em expandir o ensino superior para todo país foram evidentes. Assim, a UAN jogava o papel de uma Universidade Nacional, pois, era ela que tinha a responsabilidade de formar os quadros no país. De realçar que a Faculdade de Engenharia em Luanda, formava oito cursos de engenharia, existindo a nível do país mais dois cursos, um de silvicultura e outro de agricultura na província do Huambo.

A formação em outros cursos de engenharia, fora do leque de cursos oferecidos pela UAN, implicava o acesso a uma bolsa de estudos.

É de realçar que ao longo destes anos a UAN soube cumprir com o seu papel, formando em Angola quadros de elite, que hoje dirigem não só departamentos governamentais, como também instituições de ensino superior que têm a missão de multiplicar a formação de quadros no país.

Em 2009 com o redimensionamento da UAN, tendo como base a estratégia do Executivo de levar o ensino superior a todo o espaço territorial, foram criadas mais seis universidades públicas, surgiu um aumento significativo de instituições de ensino superior privadas, verificou-se um aumento no número de cursos de.

Actualmente o quadro apresenta 62 instituições de ensino superior a funcionar, para além de outras que seguem os seus trâmites de legalização. Este panorama permitiu o aumento gradual de engenheiros no país.

Entretanto, existe em Angola um grande défice na formação de engenheiros praticamente em todas as áreas. Anualmente o número de candidatos aos cursos de engenharia é inferior ao número dos candidatos que optam pelas ciências sociais ou ciências humanas, acrescendo-se a essa realidade o número elevado de desistências de estudantes dos cursos de engenharia nos primeiros anos de frequência académica, aliando o número reduzido dos que conseguem chegar ao fim do curso.

Como consequência dessa realidade, a produção científica na área de engenharia é bastante fraca, agravada a deficiência de formação científica dos novos engenheiros, uma realidade que não pode ser ignorada, mas que tem mobilizado um esforço por parte das instituições que oferecem cursos de engenharia, no sentido de gradualmente se ultrapassar a situação. Entre estes esforços realça-se por exemplo o estabelecimento de parcerias com instituições que já possuem conhecimentos na área. Sobre possibilidade da fraca atracão pelos cursos de engenharia, resultar fruto da fraca preparação no níveis de base, devemos lidar com o problema e não simplesmente ignora-lo. Há que se trabalhar com esses estudantes, ministrando-lhes a formação complementar par que os mesmos possam dar sequência e concluir os seus estudos em engenharia com aproveitamento e qualidade.

O problema da qualidade dos estudantes de engenharia carece de uma análise mais ampla, devendo ser aceite e enfrentado tendo em conta a realidade de cada instituição de ensino superior.

O papel das Universidades é formar engenheiros com uma base sólida de tal forma que este seja capaz de movimentar-se sem dificuldades na sua área de conhecimento.

Angola possui grandes obras de referência em termos de engenharia civil tais como: a Nova Marginal de Luanda onde se edificam várias torres e foi inaugurado recentemente por Sus Excelência o Presidente da República Engenheiro José Eduardo dos Santos o Museu da Moeda Nacional, a construção das barragens de Capanda e Laúca, a ampliação da Barragem de Cambambe, a Serra da Leba, o Cristo Rei, a reaberta Estrada da Bibala, o Caminho-de-Ferro de Benguela, as pontes sobre o rio Kwanza com destaque para as recentemente construídas na Cabala, na zona da Muxima, a ponte sobre o rio Catumbela em Benguela, o projecto das autoestradas de telecomunicações que visa a ligação entre todas as capitais provinciais com o cabo de fibra óptica, a construção do centro de controlo do satélite angolano que será colocado em órbita num horizonte próximo, a construção da nova Assembleia Nacional e do Mausóleo onde se encontram depositados os restos mortais do saudoso guia imortal da Nação o Camarada Presidente António Agostinho Neto. Estas são autenticas obras de engenharia que a todos nós orgulham.

Entretanto para que que Angola se insira no contexto das nações inovadoras, será necessário formar engenheiros altamente qualificados, para poderem dar resposta as exigências do mercado, mas também, aumentar o número de engenheiros com formação pós graduada nas empresas.

O reduzido número de engenheiros com formação pós graduada no sector produtivo, isto é, em empresas, não somente limita a capacidade inovadora do sector produtivo nacional, mas também afecta em certa medida a formação dos novos engenheiros, na medida em que, os estudantes estagiários em engenharia têm normalmente pouca vivência e interacção com docentes que associem a sua alta titulação em formação académica, com a grande experiência prática no mercado de trabalho.

Reprodução: GICD-UMN

Imagem: Sonho e Magie - Eventos

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