Governador Provincial da Huíla destaca importância do Ensino Superior para a promoção do Desenvolvimento Sustentado da Região
O Governador Provincial da Huíla Mestre João Marcelino Tyipingue ministrou esta sexta-feira 4 de Março no Anfiteatro do Edifício Mandume a «Aula Inaugural 2016», cerimónia que marcou o início das actividades académicas e científicas na Universidade Mandume Ya Ndemufayo no presente Ano Académico. Nas vestes de docente e falando para mais de duzentos assistentes, o Mestre João Marcelino Tyipingue fez uma abordagem sucinta do tema «Ensino Superior: Importância e Desafios Para o Desenvolvimento Socio-económico e Cultural Sustentado da Província da Huíla, tendo destacado na sua dissertação a importância do Ensino Superior no país, no contexto actual de crise e considerado o papel do Subsistema do Ensino Superior no Sistema de Educação, uma referência divinal para alavancar o desenvolvimento sustentável, apelando aos presentes a não se deixarem levar pelo movimento global das dificuldades decorrentes da tipificação cíclica de uma crise, que se tratando de uma crise mundial acabou por atingir mais fortemente os países em desenvolvimento, como é o caso de Angola.
O Governador Provincial da Huíla aproveitou a ocasião para destacar os feitos históricos do povo angolano, que desde o período da luta pela descolonização nunca se deixou vergar por todo o tipo de dificuldades daí provenientes, facto que tomou como exemplo de coragem para que no período actual, o povo angolano não permita «ser derrotado sejam quais forem as circunstâncias» disse. Na mesma senda, fez também alusão ao espírito empreendedor passado de geração em geração, como uma referência para a juventude, incentivando também os mais velhos a enquadrarem-se na civilização tecnológica do século XXI.
Destacou os feitos das Instituições Públicas e Privadas do Ensino Superior com vista a promoção do desenvolvimento socio-económico e sustentável das províncias da Huíla e do Namibe, e realçou a importância da Universidade na Região nos vários domínios tais como: social, educacional, pedagógico, didáctico, sócio-cultural, técnico-científico, ideológico e ambiental, tendo dado enfase a educação como um fenómeno social permanente, inerente ao homem e a sociedade onde é inserida, que sempre visou formar personalidades adequadas à altura das suas sociedades, por isso, realçou o papel das Universidades na formação do homem, com vista a satisfação das necessidades actuais e que corresponda aos anseios dos seus cidadãos e das suas sociedades. Para o Mestre João Marcelino Tyipingue a Universidade tem a responsabilidade de formar gerações que possam assegurar o presente e o futuro do nosso país e para isso, os professores são chamados à responsabilidade de não só, formar o homem de forma teórica, mas aquele homem que aprende para agir para o bem-estar das sociedades e do bem-estar das gerações futuras, isto é, «aquele que aprende, aprende a fazer, sabe sistematizar os conhecimentos, de forma sensível e científica, aquele que sabe ensinar e aprender com os seus estudantes». Destacou ainda a importância da responsabilidade do ensino perante a família e a sociedade pois, em sua análise, «não basta ensinar a reproduzir, mas sim, produzindo inovando sistematicamente, quer dizer, introduzir e aplicar métodos activos e adequados para se conquistar a simpatia dos alunos, pois tanto eles, como os professores estão na mesma barca, com o mesmo destino que apenas diferem na responsabilidade, uma de ensinar e outra de aprender convenientemente para o bem desta nossa pátria que tanto nos orgulhamos que se chama Angola».
Há a necessidade de se combater o que considera ser um defeito de muitos professores, que se contentam com mais negativas que positivas. Aconselhou por isso, aos professores a fazerem uma autoavaliação dos métodos e técnicas aplicadas e dos objectivos previamente traçados, alertando para a compreensão da ligação entre a Didáctica e a Pedagogia na transmissão de conhecimentos, exortando-os a serem humanistas e justos, considerando os alunos como objecto e sujeito simultaneamente, partindo sempre daquilo que ele sabe, pois que o aluno nunca vai para a escola sem saber nada. E aos estudantes recomendou que se apliquem nos estudos, evitando as desculpas por falta de tempo e a tentação de cábulas, pedindo dedicação e aplicação destes.
Em termos económicos destacou a localização da Universidade Mandume Ya Ndemufayo e do ISCED – Huíla, bem como de outras instituições do ensino superior privadas, por se situarem numa região privilegiada com um empresariado emergente e com acções viradas para a implementação e consolidação das infraestruturas económicas e sociais, na existência de um solo rico e fértil, para o desenvolvimento da agricultura, pecuária e actividades mineiras com potencial para a exploração do ferro, ouro, cobre, rochas ornamentais e outros minerais, achando de não menos importante a pesca fluvial e a exploração racional da madeira. Por isso, apontou a necessidade de se formarem pessoas com capacidade para levar avante essas tarefas e a Universidade joga um papel fundamental.
Concluiu ser importante, ter quadros formados e capazes de enfrentar esses desafios, que não são poucos havendo a necessidade de se abrir os currículos das Universidades à outras áreas do saber, além dos cursos que possuem, pois, o desenvolvimento de um país mede-se pelo grau de capacidade técnica dos seus quadros.
Aconselhou também a continuidade da aposta na investigação científica por parte dos professores universitários, e do seu aperfeiçoamento permanente através do autodidatismo, das formações especializadas, das trocas de experiência entre colegas e instituições, para que estejam a altura dos desafios que as tendências pedagógicas e contemporâneas exigem.
UMN dá início as Actividades Académicas e Científicas de 2016
O Magnífico Reitor da Universidade Mandume Ya Ndemufayo Professor Doutor Orlando Manuel José Fernandes da Mata, interveio na Aula Inaugural do Ano Académico 2016, cerimónia que marcou o início das actividades académicas e científicas na Universidade Mandume Ya Ndemufayo.
Neste ano e pela primeira vez, o evento foi co-organizado pela UMN e pelo ISCED-Huíla as duas Instituições do Ensino Superior Públicas que formam a Região Académica VI, no âmbito do cumprimento do calendário académico 2016, oficialmente aberto no pretérito dia 29 de Fevereiro de 2016, na cidade do Sumbe, em acto presidido por sua Excelência, Professor Doutor Adão Gaspar Ferreira do Nascimento, Ministro do Ensino Superior.
O mais alto Titular Executivo do Órgão de Gestão da UMN começou por enaltecer a presença de sua Excelência o Senhor Governador Provincial da Huíla, MSc. João Marcelino Tyipinge, por ter aceitado o convite para ser o prelector da Aula Inaugural que teve como Tema - Ensino Superior: Importância e Desafios Para o desenvolvimento Socio-económico e Cultural Sustentado da Província da Huíla.
Magnifico Reitor da UMN fez uma abordagem da realidade actual da Instituição nas suas várias áreas.
CRIAÇÃO E REDIMENSIONAMENTO DA UMN
O Decreto nº 5/09, de 7 de Abril, cria a Região Académica VI compreendendo as províncias do Huíla, Namibe Cuando Cubango e Cunene.
O Decreto nº 7/09, de 12 de Maio, estabelece a reorganização da rede de Instituições de Ensino Superior Públicas, cria as novas Instituições de Ensino Superior e redimensiona a Universidade Agostinho Neto.
À luz dos supra mencionados decretos, a Universidade Mandume Ya Ndemufayo passou a integrar a região académica VI, compreendendo as províncias da Huíla, Namibe, Cuando Cubango e Cunene.
O Decreto Presidencial nº 188/14, de 4 de Agosto, cria a Universidade Cuito Cuanavale na Região Académica VIII que integra as províncias do Cuando Cubango e Cunene, redimensiona a Universidade Mandume Ya Ndemufayo na Região Académica VI, compreendendo actualmente as províncias da Huíla e Namibe.
A nossa Instituição funciona com 3 Faculdades, 1 Instituto Superior Politécnico e 2 Escolas Superiores, congregando Departamentos de Ensino e Investigação e ministra 25 cursos de licenciatura e 1 curso de mestrado.
PERSPECTIVAS DE CRIAÇÃO DE NOVAS UNIDADES ORGÂNICAS
Estão por criar, na Huíla a Faculdade de Medicina Veterinária, Faculdade de Engenharia e o Instituto Superior de Hotelaria e Turismo.
No Namibe: as Faculdades de Ciências Sociais, Engenharia e o Instituto Superior de Ciências da Saúde
Esta organização tem permitido à Universidade Mandume Ya Ndemufayo assegurar a gestão dos processos que conformam uma instituição de ensino superior, particularmente os inerentes as áreas académica e vida estudantil, investigação científica e pós-graduação, extensão e cooperação, bem como, administração e gestão.
INOVAÇÕES NA ÁREA ACADÉMICA E VIDA ESTUDANTIL
No que tange a área académica e vida estudantil, no ano académico 2016, assinalamos com particular realce, a adopção de um novo formato de exames de acesso, condensados nas seguintes quatro áreas de conhecimento: Ciências Sociais, Ciências Biológicas e de Saúde, Ciências Exactas e Engenharias, assim como, Magistério Primário.
Os objectivos da adopção deste novo modelo de exame único foram:
- Melhorar a organização e o acompanhamento do desempenho dos candidatos;
- Identificar as instituições de proveniência, bem como, aferir, com exactidão, o número de inscrições e de candidatos.
NÚMEROS DOS EXAMES DE ACESSO
Assim, para um total de 1639 vagas, concorreram 6.349 candidatos e foram efectuadas 6.633 inscrições, cuja distribuição percentual por área de conhecimento foi a seguinte:
- Ciências Sociais 46,1 %
- Ciências Exactas e Engenharias 25.78 %
- Ciências Biológicas e de Saúde 21.78 %.
- Magistério Primário 06.39 %
Foram admitidos 1.639 candidato por área de conhecimento, apresentaram a seguinte distribuição percentual:
- Ciências Sociais 34.9 %;
- Ciências Exactas e Engenharias 47.83 %;
- Ciências Biológicas e de Saúde 13.61 %.
- Magistério Primário 03,66 %
A cobertura da relação oferta versus demanda foi:
- Ciências Sociais 19.34 %;
- Ciências Exactas e Engenharias 47.52 %;
- Ciências Biológicas e de Saúde 15.96 %.
- Magistério Primário 14.63 %
A taxa de absorção, ou seja, a relação entre a oferta e a procura na UMN foi de 25.55 %.
A adopção do exame único de acesso permitiu diminuir a pressão sobre os candidatos porquanto no anterior modelo um único candidato era submetido a vários exames. Os candidatos do Namibe ou da Huíla não precisaram de se deslocar de uma província a outra e vice-versa para realizarem os respectivos exames.
INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA E PÓS-GRADUAÇÃO NA UMN
Na área da investigação científica e pós-graduação tenho a referir que, esta área, assim como, os serviços técnicos e científicos dos diversos campos da cultura (ciência, arte, tecnologia, crença e tradições) são de suma relevância e jogam um papel importante no desenvolvimento de um ensino superior de qualidade.
A investigação científica tem a missão de incidir, de forma efectiva, no desenvolvimento económico e social das nações mediante contribuição no processo de criação científica e inovação tecnológica.
Os nossos programas nesse domínio devem estar particularmente virados para o desenvolvimento de competências profissionais e pessoais alinhados com a vocação e com o potencial agro-industrial e mineiro da região, por formas a contribuir para o processo de diversificação da economia, no aumento das fontes de receita, ajudar a erradicar a fome e a pobreza, geração de empregos e renda, solução dos demais problemas sociais, económicos e ambientais da região, em particular e do país em geral.
Este papel da ciência e da tecnologia como factores de desenvolvimento e de renovação do ensino superior é reconhecido pela UNESCO, ao assinalar que, cada instituição universitária deve ser “uma comunidade dedicada plenamente a investigação, a criação e a difusão do conhecimento, ao progresso da ciência e que participe no desenvolvimento de inovações científicas e tecnológicas”.
Diante do cenário actual, a criação de Centros de Estudos e Investigação Científica em todas unidades orgânicas que conformam a UMN e em outras Instituições de Ensino Superior da nossa região, a criação de cursos de especialização e mestrados a médio prazo, assim como, o desenvolvimento de programas de doutoramento, a longo prazo, são desafios que devemos aceitar.
Devemos igualmente encontrar os meios capazes de aferir e assegurar a qualidade dos cursos que no futuro, serão ministrados nas nossas instituições. Assim, responderemos as orientações e preocupações de Sua Excelência Senhor Presidente da República e Chefe do Executivo, Engº. José Eduardo dos Santos quando se refere a “Revolução qualitativa” que devemos dar no subsistema de ensino superior.
CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO
Alguns passos foram dados nesta direcção, a Faculdade de Direito da UMN, ministra em colaboração com o Centro de Pesquisa em Políticas Públicas e Governação Local da Faculdade de Direito da UAN, o mestrado em Governação e Gestão Pública.
A Faculdade de Economia remeteu ao órgão de tutela, para homologação, a proposta de criação dos mestrados em Contabilidade e em Empreendedorismo e Desenvolvimento.
Com o funcionamento destes cursos de pós-graduação, marcaremos mais um passo rumo à excelência que muito desejamos.
CORPO DOCENTE
Para dar seguimento a estas ingentes tarefas, a UMN conta actualmente com um corpo formado por 228 docentes, dos quais 106 em Regime de Tempo Integral (46,49 %) e 122 docentes em Regime de Tempo Parcial (54 %).
Do corpo docente acima referenciado, 15 possuem o grau académico de doutor (7 %), 85 com o grau de mestre (37 %) e, 130 o grau de licenciado (57 %). Verificamos que apenas 43 % do corpo docente da UMN possui diferenciação académica.
Não podemos deixar de assinalar aqui a enorme contribuição prestada nas diversas áreas do conhecimento, pelos 114 docentes cubanos que, no quadro dos acordos específicos entre o Executivo Angolano e o Governo de Cuba, emprestam a sua inteligência e saber abnegado na formação dos recursos humanos necessários ao desenvolvimento socioeconómico, cultural e sustentado da região académica VI e do país em geral.
Diante deste quadro, a profissionalização do corpo docente constitui uma preocupação do órgão de gestão da UMN e dos órgãos de gestão das suas unidades orgânicas.
Devemos melhorar a prestação do serviço docente através da utilização dos métodos e técnicas da didáctica contemporânea, introduzindo o curso de Agregação Pedagógica, bem como apoiar e estimular a formação pós-graduada no exterior e a nível do país, elaborando anualmente, um Plano Previsional de Formação Pós-graduada que será remetido ao órgão de tutela para posterior encaminhamento ao INAGBE.
Entretanto, outras janelas que se abrem no quadro dos diferentes acordos de cooperação específicos que o nosso país mantém com outros países e Instituições, devem ser, de igual modo, melhor aproveitadas.
Devemos de maneira paulatina realizar a integração à docência, às outras duas variáveis que caracterizam os processos universitários, isto é, integrar a investigação e a extensão ao processo docente educativo.
ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
Em relação aos processos de gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros, o momento é difícil, porquanto a actual crise derivada da queda do preço do petróleo, tem provocado a diminuição acentuada dos recursos financeiros alocados as unidades orçamentadas.
Esta situação se reflecte na dinâmica e funcionamento da nossa instituição, influencia na ausência de concursos públicos de acesso e ingresso, assim como, nos processos de formação contínua dos técnicos e pessoal de apoio
Diante da situação, somos chamados a fazer uma gestão parcimoniosa dos recursos e património colocado a nossa disposição.
Apesar das incongruências conjunturais, para a prossecução dos objectivos traçados, a UMN tem contado, para além do corpo docente, com o trabalho abnegado de 272 funcionários não docentes, sendo 183 em Regime de Tempo Integral e 89 funcionários eventuais. Estes recursos humanos, formados por docentes e não docentes, têm sido capazes de ver o valor do seu trabalho no nosso contexto, bem como, no global.
Ainda no dominio da gestão, julgamos como medida interna, ser oportuno reforçar o papel e o funcionamento dos órgãos colegiais da universidade e das unidades orgânicas tais como: os Conselhos de Direcção, Conselhos Científicos e Pedagógicos, para que, tão logo se aprove a legislação aplicável, façamos funcionar o Senado e a Assembleia da Universidade.
A fórmula é associar o ensino à investigação científica, para tal torna-se necessário dotar a universidade e demais IES dos apoios e incentivos para a prossecução da missão a elas confiadas, reconhecendo o papel e sua importância, bem como, o papel e importância das Instituições de Investigação e Desenvolvimento, como bases do conhecimento técnico-científico e do desenvolvimento socioeconómico e cultural sustentado.
No nosso caso, o êxito para assegurar o funcionamento integral da UMN, requer a existencia de recursos humanos, materiais e financeiros. Por exemplo, dotar a universidade de infraestructuras próprias e adequadas para suportar o ensino e a investigação científica, poderá aumentar o número de vagas e atender melhor a demanda dos jovens que procuram ingresar no ensino superior.
Outro factor não menos importante é a estabilidade que depende da coesão de todos intervenientes, da estreita observação das normas da disciplina laboral e do cumprimento das responsabilidades que estão acometidas a cada um de nós.
Os progressos a obter, configuram os objectivos estratégicos da UMN, definidos no seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), cuja actualização demos início e em momento oportuno deverá ser submetido à apreciação e contribuições da comunidade académica.